EMILY SCHIAVINI CARNIEL: Eu me amo

Eu me amo 




              Eu me amo. A opinião alheia não tem o poder de me diminuir. O meu corpo não define quem eu sou. Eu preciso de mais amor próprio.
                O reflexo no espelho mostra uma garota insegura e com uma baixa autoestima inaceitável. Às vezes penso no quão fácil seria se eu tivesse um corpo padrão, como a maioria das adolescentes que vejo por cada canto da cidade. Magra, alta, sorriso do comercial da Colgate, rosto de boneca, cabelos impecáveis e pele que parece porcelana. A própria Deusa Afrodite!
                     As palavras que saíram da minha boca há alguns minutos atrás, é um exemplo de tentativa de própria aceitação. Não que tenha dado muito certo, já que faz mais de anos que continuo com a minha própria terapia. Porém, se você acha que eu sempre fui uma garota infeliz com seu corpo, está enganado.

               E a ganhadora do concurso de beleza da Escola Dameno deste ano, é Angélica Evans! – gritou a diretora entusiasmada, enquanto assobios e palmas preenchiam o ginásio que até então se encontrava silencioso à espera do resultado.

                     Então, uma aluna totalmente esbelta levantou-se e caminhou até seu prêmio. Tanto o corpo dela quanto das outras duas vencedoras, seguiam um padrão surpreendente. As três podiam ser facilmente confundidas com barbies.
                     Lembranças de um tempo em que minha única preocupação era tirar notas altas e o medo de perder amizades ressurge da pior maneira possível. Aquele momento. Aquelas palavras. Aqueles malditos padrões. Ah, como eu odeio me importar! Como eu odeio me rebaixar por tão pouco. Como eu detesto achar que um peso de balança possa me atingir tanto.
                    Saio de meus pensamentos e recordo que estou em pleno banheiro escolar, que se encontra vazio, porém, minhas memórias infelizes são o suficiente para preenchê-lo. Retiro-me do local quando o sinal anuncia o final das aulas, e sigo distraidamente até o portão de saída, todavia, esbarro com alguém.
− Olha se não é a balofa da escola! – disse o menino com um olhar de nojo direcionado a mim – se estivesse no padrão até gostaria de você!
− Essa é quem sou ninguém disse que você tinha que gostar – falei com fúria – Além disso, não sou estampa para seguir padrões.
                  Depois de despejar de minha boca, todas as palavras que permaneceram tempo demais presas a um espelho, segui meu caminho com uma felicidade exuberante, pois tinha conseguido ter a iniciativa de enfrentar meu próprio eu. Claro que este foi um passo pequeno a tantos que tenho que percorrer, entretanto, não baixarei a guarda facilmente, pois até o sol terá que competir com meu brilho.

                    E foi só então que percebi, que sou eu quem decide o que me atinge.

ESCOLA BÁSICA MUNICIPAL ÂNGELO ARY BIEZUS


EMILY SCHIAVINI CARNIEL


 PORTUGUÊS 9º ANO


CONTO PSICOLÓGICO

CONCÓRDIA – SC 28 DE FEVEREIRO DE 2020

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